sábado, 31 de janeiro de 2009

Ana e o Mar


Veio de manhã molhar os pés na primeira onda

Abriu os braços devagar e se entregou ao vento

O sol veio avisar que de noite ele seria a lua,

Pra poder iluminar Ana, o céu e o mar

Sol e vento, dia de casamento

Vento e sol, luz apagada no faro

lSol e chuva, casamento de viúva

Chuva e sol, casamento de espanhol

Ana aproveitava os carinhos do mundo

Os quatro elementos de tudo

Deitada diante do mar

Que apaixonado entregava as conchas mais belas

Tesouros de barcos e velas

Que o tempo não deixou voltar

Onde já se viu o mar apaixonado por uma menina?

Quem já conseguiu dominar o amor?

Por que é que o mar não se apaixona por uma lagoa?

Porque a gente nunca sabe de quem vai gostar

Ana e o mar... mar e Ana

Histórias que nos contam na cama

Antes da gente dormirAna e o mar... mar e Ana

Todo sopro que apaga uma chama

Reacende o que for pra ficar

Quando Ana entra n'água

O sorriso do mar drugada se estende pro resto do mundo

Abençoando ondas cada vez mais altas

Barcos com suas rotas e as conchas que vem avisar

Desse novo amor... Ana e o mar


Créditos:

Autor: O Teatro Mágico

Música: Ana e o Mar




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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Metade de mim


Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.

Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe seja linda, ainda que triste.

Que a mulher que eu amo seja sempre amada, mesmo que distante.

Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento.

Porque metade de mim é o que ouço, mas a outra metade é o que calo.

Que a minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço, que essa tensão que me corroe por dentro seja um dia recompensada.

Porque metade de mim é o que penso e a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que me lembro ter dado na infância,porque metade de mim é a lembrança do que fui e a outra metade não sei.

Que não seja preciso mais que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espíritoe que o teu silêncio me fale cada vez maisporque metade de mim é abrigo mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saibae que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer,porque metade de mim é platéia e a outra metade é a canção.

E que a minha loucura seja perdoada porque metade de mim é amore a outra metade também.
Créditos:
Poema: Metade de mim
Autor: Oswaldo Montenegro
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